Juíza afirma que não há bens bloqueados dos sócios ou da Empresa CL

Ela esclarece que se os funcionários não receberam os salários não foi por conta da decisão judicial


Por Catanduvas Online

30/11/-0001 00:00



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A juíza de direito da Comarca de Catanduvas, Dominique Gurtinski Borba Fernandes, convocou representantes da sociedade e da imprensa para uma reunião no final da tarde desta quinta-feira (16), ocasião que esclareceu sua decisão sobre retirar a administração do Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro da empresa CL Serviços de Saúde Médica Hospitalar.

Incialmente, a magistrada deixou claro que não costuma se manifestar publicamente sobre os processos, e que sua atitude de falar se deve as informações distorcidas repassadas à população.

A juíza criticou o protesto da última segunda-feira (13).

“A manifestação não foi popular. Foi feita por funcionários da CL, parentes, amigos e alguns agentes públicos municipais, fui impedida de conversar com as pessoas. O senhor Dilson Rízzi (presidente do Conselho Municipal de Saúde) incitou os manifestantes a vaiar e promover apitaço. Em seguida fui desacatada por uma pessoa, e por isso do meu aviso de prisão. Tenho testemunhas e dados desse senhor que será processado pelo crime de desacato”, descreveu, ao comentar que não disse que iria prender todos que estavam na frente do Fórum, e sim o homem que a desacatou. “Eu mereço o respeito da sociedade enquanto representante do Poder Judiciário”.

A magistrada afirmou:

“O Ministério Público trouxe indícios, por isso da minha decisão, para salvaguardar o interesse da população e o dinheiro público, que sai do bolso de vocês. Eu não estou julgando ninguém. Não estou dizendo que os fatos ocorreram, porque isso tudo será analisado na instrução do processo, mas o que tenho até aqui foi suficiente para a decisão, daqui para frente se alguém quiser contestar serão as partes perante o tribunal”. E explicou “Gostem ou não, aqui em Catanduvas não existe ninguém que pode derrubar minha decisão, somente o Tribunal de Justiça”, desabafou ao dizer que está com a consciência tranquila em ter cumprido seu papel.

A Empresa CL Não teve bens bloqueados

A juíza comentou sobre os boatos de que os servidores da CL estão com salários atrasados devido ao bloqueio de bens da empresa e de seus sócios. “Muitos estão me acusando, mas não há um real bloqueado da empresa ou dos médicos por esse juízo. A CL recebeu quase R$ 1 milhão de reais do município e se não pagou seus funcionários não foi por conta da minha decisão”.  

De acordo com a Juíza, na conta da CL havia apenas R$ 51,40, nas contas do Claudio Cesar Fuzinato foram encontrados R$91,72, R$72,00, R$24,00 e em outra conta apenas dois centavos. Dois veículos estão em seu nome, mas nenhum imóvel. A conta de Lírio Baretto está zerada, e ele não possui bens em seu nome.

Entre as Irregularidades encontradas por parte do Ministério Público:

·         Participação de apenas duas empresas no processo licitatório, sendo o médico Lírio Barreto sócio de ambas;

·         A CL foi constituída em junho de 2015, um mês após abertura do edital de licitação;

·          Município assumiu no edital da licitação a responsabilidade de por um ano emprestar seu CNPJ a empresa vencedora para a manutenção de convênios com o estado e com o SUS, bem como se comprometeu em investir na reforma do hospital e angariar recursos públicos para este fim, mesmo tendo locado o imóvel para uma empresa privada;

·         Após o início das atividades, houve a manutenção de servidores municipais trabalhando dentro do hospital em favor da empresa CL;

·         Repasse de medicação adquirida pelo Fundo Municipal de Saúde com verba pública, que seria de destinação aos ESFs, ao hospital administrado pela CL;

·         Cobrança de valores por curativos e medição de pressão nos pacientes atendidos pelo SUS;

·         Internações de pacientes sem necessidades, para que a empresa recebesse o repasse das AIHs (Autorização de Internação Hospitalar). Não havia previsão no edital do repasse do dinheiro do município para a CL pelas internações. Em dezembro a prefeita tentou fazer um termo aditivo para liberar o recurso (R$92 mil mensais), mas foi rejeitado pela Câmara de Vereadores. Após isso houve um parecer do Conselho Municipal de Saúde, presidido por Dilson Rízzi, pela liberação. O MP diz que o repasse já ocorria antes do parecer, e que o conselho não tem poderes para autorizar o executivo a repassar esse tipo de verba a uma empresa privada sem autorização da Câmara de Vereadores;

·         Relatórios do hospital apontam 29 casos de pneumonia causadas por fungos, que só poderiam ser diagnosticadas por Raio X, sendo que o hospital não conta com este equipamento.  Conforme a Juíza os médicos diagnosticaram doenças sem fazer exames necessários para comprovação.

Uma auditoria da Vigilância Sanitária Estadual já está acontecendo no hospital, segundo a Juíza.

 



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